sábado, 18 de junho de 2011

átomo ao espelho


Vejo-te.
Porque os meus olhos são sensíveis à luz que emites,
Ao fotão que lançaste ao vazio que nos separa.
Não consigo tocar-te.
Não há força que o permita!
Contudo, és exclusão permitida!
Algo expresso no Princípio de Pauli o descreve.
Disse-mo um Físico, de forma breve.
Impressiono em vão a imagem que tenho de ti,
Um reflexo fotónico na interface feita de átomos, talvez de prata.
Simetricamente no espaço e no tempo mimicas o que faço.
Coincidem a minha vontade e a tua,
Numa incerteza intangível,
Numa vertigem aniquilável.
És a minha antimatéria visível?
És a minha sensação electrostática repulsiva?
És no instante em que te provoco o meu spin oposto?
Ou sou eu a tua matéria no reverso do universo?
És deste universo?
Vejo-te. Mas se te sinto, aniquilo-me!
Quem verá, depois do nosso nada, a nossa luz?

António Piedade

1 comentário:

  1. Escrevi isto a partir de fragmentos que me ficaram no pensamento depois depois da nossa entrevista com o Físico Rui Marques. Em bruto, também eu.

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