segunda-feira, 20 de junho de 2011

Um dia em grande

No dia 17 de Junho, realizou-se o Atelier Escrita Científica, na Casa da Escrita, em Coimbra, organizado pelo António Piedade. Este workshop contou com a presença de investigadores e comunicadores de ciência com as mais diversas formações, desde a área do jornalismo, passando pela astrofísica até às ciências naturais, que se reuniram com objectivos comuns: partilhar ideias e aperfeiçoar o modo como comunicam ciência.
                O dia teve início com uma recepção na Casa da Escrita, à qual se seguiu uma apresentação sobre algumas questões relacionadas com a comunicação científica. Após esta palestra informal, os presentes foram convidados para um “almoço literário”, que se pode considerar ter sido “chique a valer” (1). Durante a refeição, os comensais continuaram a debater assuntos relacionados com a ciência e com a divulgação da mesma, tendo ainda havido tempo para umas conversas ocasionais abordando a Filosofia e a ruptura de paradigmas (2).
Como o tempo é uma dimensão volátil, tornava-se imperativo seguir o plano: estava destinada uma viagem ao passado. Não me refiro a uma “Máquina do Tempo”, ao estilo de H. G. Wells (3), mas a um portal para outros períodos – mais concretamente, foi visitado o Criptopórtico Romano, no Museu Nacional Machado de Castro (4). Esta fenomenal visita guiada permitiu a aquisição de conhecimentos históricos extremamente interessantes acerca da presença romana em Portugal, conhecimentos, esses, que só foram possíveis de adquirir através do acompanhamento do fantástico guia que explicou como é que as pedras nos contam estórias, e que História se encontra oculta nessas pedras. As explicações adicionais e estórias paralelas foram, de facto, uma mais-valia desta visita. Mas como o tempo passa rapidamente pelas nossas vidas, como os grãos finos de areia escorrem por entre os nossos dedos, urgia proceder a um regresso ao futuro – que na realidade corresponde ao nosso presente. Bem, não querendo complicar, mas complicando, se quero ser objectivo, corresponde novamente ao passado, porque dia 17 já passou. Ah, os Paradoxos da Física!
E por falar em Física, os participantes do workshop dividiram-se em grupos que iriam realizar diferentes trabalhos. Dessa divisão resultou um grupo composto por seis elementos, que viria a ser conhecido como o “Grupo do Átomo”, pois foi entrevistar o físico Rui Marques, da Universidade de Coimbra, cuja temática principal na conversa foi, precisamente, esse constituinte das moléculas. A conversa longa, mas interessante, foi sobre nada. Ou melhor sobre o que constitui a maior parte do átomo: o vazio. Mais uma vez isto parece paradoxal, mas é que mesmo o objecto mais sólido é constituído no seu espaço interior por mais vazio do que por matéria. Fantástico!
De regresso à Casa da Escrita, procedeu-se à elaboração de textos sobre os assuntos tratados, para depois serem colocados num blog experimental que resultará deste Primeiro Atelier de Escrita Científica. E escrevo Primeiro Atelier, porque espero que se sigam outros, muitos outros. Foi um dia em grande.
                

(1)    – Esta expressão que se encontra na obra “Os Maias”, de Eça de Queirós, parece-me bastante apropriada ao local, ou não estivéssemos nós na Casa da Escrita, também ela perto da residência do Eça, enquanto estudante.
(2)    – Revisitaram-se as ideias dos filósofos Thomas Kuhn e Karl Popper, entre outros.
(3)    – Herbert George Wells (1866-1946), foi um escritor inglês autor de obras internacionalmente conhecidas como “O Homem Invisível”, “A Guerra dos Mundos” ou “A Máquina do Tempo”.
(4)    – O nome do museu pretende homenagear o célebre escultor português, Joaquim Machado de Castro (1731-1822).

Na foto: Identificação do local onde habitou o escritor português Eça de Queirós. Fica localizada perto da Casa da Escrita, onde teve lugar o Atelier.

1 comentário:

  1. Ah ah, agora que já consigo fazer comentários, já posso dizer aqui que também gosto dos paradoxos da física! ;)

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